
agora
não podes divagar
após o ato consumado
e tergiversar como uma borboleta
de flor em flor
com palavras e mais palavras
pois
te esvaíste em um longo sussurro no deserto
e a flor sedenta se transubstancia
em um esplendor sereno e compreensivo
nada
mais esperes te entregues
à momentânea tensão que se foi
observes
os retângulos das paredes
e o canto do pássaro que pousa displicente
sobre um frágil galho que invade a janela
a
atmosfera ora pesada ora leve
se insinua nos poros
um sorriso surge e um olhar sedoso
observa teus cabelos
que se espraiam e se avolumam
a
cada instante em que a vida
se declara presente e vitoriosa
os
jogos foram-se um a um
e resta agora um momento
de imponderável sensibilidade
dúvidas
e certezas espalham-se
e ganham a janela entreaberta
Abilio
Terra Junior
30/04/2007
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