na
rua solitária e fria
espectros indulgentes sorriem
pelo abandono da causa
na longa morbidez da cisma
a
aurora retarda-se esquiva
locupleta-se lânguida
seus dentes ardem no vício
ela busca seus pés
corruptos
o
escaravelho rola a imundície
mergulha no escabroso odor
percebe-se salvador das aparências
ganha impoluto o troféu
sensíveis
mariposas se aninham
nas suas vestes vaporosas
acompanham os trajetos dos
esquifes
que soam apócrifos
e mudos
os
nubentes perversos se mordem
esquivos sob a sombra dos
pilotis
escondem seus gestos indiscretos
seus suspiros acordam os zumbis
a
longa noite expulsa a madrugada
se envolve com o bailado dos
morcegos
imiscue-se nas rítmicas
alcovas
ronda os incipientes pares
notívagos
soa
o sino do oco carrilhão
fiéis freiras lavam-se
solícitas
parcos párocos espremem
seus calos
sonâmbulas beatas afagam
seus gatos
Abilio
Terra Junior
26/08/2008
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