O
amarelo descia e irrompia pelas
catedrais. O vermelho observava,
ansioso. A mulher se lançava
ao espaço, com bravura,
e destravava comportas, e sorria.
E lutava como ninguém.
A música de fundo era
uma sinfonia. O maestro, exausto,
a beijava. E todos aplaudiam.
Pois os tempos se encarregavam
de mudar as margens. E os cálculos
exatos serenavam as longas adagas
escuras e as partículas
que iam de encontro ao vento.
E os pêlos esvoaçantes
da cachorrinha a felicitavam,
enquanto ela saltitava. Eram
tempos felizes.
Novas eras se reuniam em mesas
redondas. Os povos caminhavam
no sentido anti-horário
e se embaralhavam uns com os
outros, numa atmosfera cinzenta.
Os animais se espantavam e tentavam
sinalizar novas posturas, mas
não eram ouvidos.
Os mártires se beijavam
e tocavam seus sexos. Na grande
catedral, virgens de negro espalhavam
seu sangue pelos mosaicos milenares,
que as reverenciavam. Do púlpito,
o cátaro declamava o
poema que se inscrevia nos anais
dos tempos. A noite eterna se
perpetuava e vislumbrava, surpresa,
o feixe de luz, único
e inigualável. Os vivos
escalavam os muros da catedral,
enquanto os mortos a sustentavam
nos seus ombros, trêmulos
e suados.
Abilio
Terra Junior
23/08/2008
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