
o
Outro veste um terno branco
calça sapatos afivelados
seu cabelo é cacheado
e grisalho
passeia pelas ruas
como quem não quer nada
com as mãos nos bolsos
lê
os jornais do dia e livros de
poesia
é pintor e declamador
é observador dos pormenores
do mundo
gosta de ouvir histórias
e de quitutes mineiros
visitou
outros mundos
até o mundo do espelho
onde encontrou poesias
que esperavam ser descobertas
deitadas em nichos
na torre dos sonhos
esteve
no Sítio do Picapau Amarelo
quando criança
se apaixonou por Narizinho
fala
a língua dos poetas
certa vez cruzou com Orfeu
numa esquina que ia
à uma loja de penhores
recomprar sua lira
observa
as nuvens
que acompanham o vento forte
com suas formas cambiáveis
tenta interpretá-las
em versos
às
vezes ele se transforma
se aproxima de mim
e me fala de pipas quitutes
o som das ondas a vida das abelhas
a elefanta que passou
a vida inteira presa
num zoológico
o pé de goiaba
da minha infância
coisas
assim
depois atravessa o espelho
e não o vejo mais
Abilio
Terra Junior
11/10/2012
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