A
Ponte
Andava na ponte antiga, toda
de ferro. Há muito
tempo ali não passava
mais nenhum trem. Já
cumprira o seu papel, durante
um longo tempo, permitindo
a travessia de milhares de
pessoas, transportadas pelos
trens que soltavam nuvens
de fumaça, de um ao
outro lado, sobre o "Velho
Chico". O imenso e largo
rio São Francisco,
um dos maiores rios brasileiros.
Dali de cima, ele via o seu
leito de águas da cor
do barro. André se
admirava com a vastidão
do rio caudaloso, que atravessava
aquelas terras há tanto
tempo, que se perdera a conta
da sua idade. Daí o
seu nome, "Velho Chico",
com que era chamado com carinho
pelos povos que habitavam
as suas margens.
André ouvira dizer
que em um certo ponto do leito
majestoso do rio, havia um
redemoinho que atraía
os nadadores, e quem fosse
por ele tragado não
voltava jamais à superfície.
Talvez fosse engolido por
algumas grotas no fundo do
rio, e o corpo lá ficava
para sempre. Era de assustar!
André estava em Pirapora,
uma cidade localizada no norte
do Estado de Minas Gerais,
que beirava o São Francisco.
Era época de carnaval
e ele para ali fora, atraído
pela fama do animado carnaval
de Pirapora. Estava trabalhando
em Montes Claros, a maior
e mais importante cidade daquela
região, no Estado,
em uma empresa de energia
elétrica. Mas a sua
cidade de origem era a capital
do Estado, Belo Horizonte.
O pessoal da cidade era bem
animado, talvez influenciado
pelas águas fluviais,
assim como pelos hábitos
e costumes baianos, pela proximidade
da região norte mineira
ao Estado da Bahia. Até
o modo de falar das pessoas
daquela região era
"cantado" como o
dos baianos, e o povo era
muito festeiro, tal e qual,
também, os baianos.
Quando anoiteceu, André
e seus colegas se dirigiram
ao centro de Pirapora, onde
haveria o desfile de carros
alegóricos. Assim que
o desfile começou,
André se admirou com
a beleza dos carros e das
mulheres, cada carro obedecendo
a um tema, assim como as fantasias
exuberantes e criativas.
Depois de tomarem "umas
e outras" em um bar bem
movimentado, já com
"cara mais ou menos cheia",
foram para o principal clube
da cidade. Já começara
o baile de carnaval e André
observava, boquiaberto, a
beleza e a espontaneidade
das moças, com suas
peles trigueiras, diferentes
das mulheres da sua cidade
natal.
Não demorou muito e
uma morena se destacou entre
todas, pelo seu porte garboso,
alta, esguia, cabelos negros,
olhar desassombrado. André
se animou e chamou-a para
si, ela veio, animada, ele
colocou a mão sobre
seu ombro enquanto ela colocou
a sua mão na cintura
de André, e já
saíram pulando pelo
salão, ao som vibrante
das músicas carnavalescas.
E assim pularam por toda a
noite, com intervalos para
beber, conversar e trocar
carícias e beijos.
Depois, já alta a madrugada,
saíram do clube e caminharam,
cansados e suados, com as
roupas grudadas no corpo,
até a chamada praia,
onde se sentaram. Ficaram
ali conversando, trocando
beijos e afagos por um tempo
indeterminado. André
estava mesmo atraído
pela bela morena e pensava
até em iniciar um namoro
com ela.
Lá, entre a penumbra
noturna, a velha ponte sobre
o rio os observava, cúmplice
daquele amor jovem que acabava
de nascer. Quantas histórias
ela teria para contar! André
até chegou a pensar,
poeta que era, que aquela
velha ponte simbolizava um
encontro entre dois seres,
dois mundos, dois destinos.
Um encontro que talvez fosse
definitivo.
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