ALMA
DE POETA
Sentia o quê? Não
sabia descrever. Era um sentimento
misto de vazio com uma vaga
dor dispersa, imprecisa. Recebera
tantas mensagens para elevar
o astral, e assim como uma
onda se estira na praia e
depois é sugada para
o mar, assim também,
estava retornando, do alto
para o baixo astral. O que
não era de se surpreender,
tendo em vista as leis naturais.
Nada está estático,
tudo está em permanente
mudança, e, o que se
eleva tem que descer e vice-versa.
Aquele vazio era bom? Vazio
interior e exterior. Diziam
que para criar, era preciso
esse vazio. À medida
que pensava, parece que aquele
vazio ia sendo preenchido.
Já não estava
tão dolorido quanto
antes. Ficava observando aquela
barra vertical do Word que
ia e vinha, ora apagando,
ora voltando. Quem sabe não
se auto-hipnotizaria? E o
inconsciente brotaria, como
um mar revolto, tenebroso
e sublime ao mesmo tempo,
como um deus, como Netuno,
por exemplo. E ele escreveria
como um louco, um possesso,
horas e horas, sem parar,
até que raiasse a alvorada
de um novo dia. Não
se esqueceria de salvar o
texto, para não perder
todo aquele trabalho infatigável,
e desabaria em sua cama, dormindo
até que chegasse a
noite. E aí, de novo...
até que se extinguisse,
como uma vela que consumiu
toda a sua cera e sente que
a chama balança, se
despedindo, até alçar
um vôo ao invisível,
e deixa que a fumaça
tome o seu lugar, se espalhando
pelo ambiente com o seu cheiro
inconfundível. Precisava
escrever, escrever, até
que todos os seus enigmas
se transformassem em palavras,
ásperas, duras, comoventes,
dúbias, sensíveis,
marcantes, risonhas, serenas,
como uma cascata impetuosa
que caísse da mais
alta montanha ao vale mais
seco e crespo, trazendo-lhe
vida impetuosa, rasgando-lhe
as entranhas e injetando-lhe
sêmen dos deuses, que
habitam o Olimpo. Deuses que
jaziam presos em sua alma
de poeta, com seus pesadelos
provocando-lhe aquela dor
insaciável, e que só
acordavam e conseguiam se
expressar quando ele se comunicava
com eles, sem o perceber,
e trazia do mais fundo do
seu inconsciente, o seu saber,
perdido durante milênios,
pela marcha impiedosa da história,
que os esquecera, com toda
a sua grandeza e poder.
[Menu]
[Voltar]
Envie
essa Página

Todos
os meus textos são
protegidos pela Lei de Direitos
Autorais - LEI No. 9610,
de 19 de fevereiro de 1998,
e pelos tratados e convenções
internacionais.
Respeite os direitos dos autores,
para que seus direitos também
sejam respeitados.
Contato
com Autor: Abílio Terra
Junior
Criação
de Gráficos e Páginas:
Webmaster e Designer:Crys
Melhor
Visualizado em:1024x768
|