E
Eu Fico a Imaginar
E
eu fico a imaginar as rodinhas
de idosos que batem papos,
perto do Café Nice,
na Praça Sete. Bem
ao lado, há exposições,
livros, cursos, do Instituto
Moreira Salles. Mas eles não
o freqüentam. Preferem
bater papos intermináveis
sobre futebol, principalmente.
Isto, em Belo Horizonte.
E lá, onde eu morava,
algumas vizinhas, as antigas,
que são, antes de tudo,
estranhas. Mas há pessoas
afáveis também,
cordiais, que conversam e
sorriem. E os carros e pedestres
que passam.
Na avenida Afonso Pena, u’a
massa compacta de pedestres,
que não se cansa de
andar durante todo o dia.
E os que procuram emprego,
que são muitos. E os
que trabalham, à espera
de novas oportunidades, que
nem sempre aparecem. Os estudantes,
que são muitos, de
todos os níveis e de
todos os cursos. E as corridas
para os vestibulares. Para
o da UFMG, são milhares
de candidatos, e os carros
se aglomeram na avenida Antonio
Carlos, nos dias das provas.
E há o futebol, centro
das atenções.
E o Mineirão, que se
‘entope’ nos dias dos grandes
jogos. E o Mineirinho, onde
há imensos conclaves
de católicos, batistas,
adeptos de muitas igrejas,
que se reúnem e oram
e cantam, animadamente. E
onde há também
a feira de artesanato, mas
não só de artesanato,
onde também se come
e se bebe e se conversa.
A lagoa da Pampulha fica ao
lado, a grande lagoa, poluída,
as pessoas que passeiam nos
fins de semana e feriados,
o parque de diversões,
o zoológico, o museu,
as sedes dos clubes, muitos
bairros espalhados em torno,
as mansões, agora já
antigas e cansadas, algumas
alugadas para festas. Aves
e peixes.
Os bairros elegantes, os de
classe média, os de
classe baixa. Muitos. E o
trânsito pesado, com
congestionamentos, desastres,
mortos, feridos, impunidade,
motoristas que matam e que
continuam a dirigir.
Os barzinhos, que se contam
às centenas, na maioria
dos bairros, onde muitos se
reúnem para falar mal
da vida alheia e ‘encher a
cara’.
Os teatros, onde predominam
as comédias, que abordam
aqueles assuntos que provocam
o riso fácil, com os
‘clichês’ de sempre,
ao lado de uma ou outra peça
mais séria. As companhias
e artistas de fora, volta
e meia, se apresentam.
AS livrarias, que escasseiam,
os sebos. Belas mulheres,
outras nem tanto. Uma grande
rede de prostituição,
verdadeira tradição
da cidade.
Enchentes, desabamentos, principalmente,
nos morros, nas favelas, que
rodeiam a cidade, com mortos
e feridos. As boates, onde
a juventude se encontra, e
as outras boates, também
muito procuradas, onde belas
mulheres praticam streap-tease
e procuram por homens.
As cidades limítrofes,
que são muitas, onde
muitos residem e vêm
trabalhar, todos os dias,
no centro da cidade ou nos
bairros.
Hospitais que fecham, alguns
tradicionais, como o Prontocor,
por exemplo.
A Praça da Liberdade,
ponto de passeio nos fins
de semana e feriados, e onde
se realizam shows artísticos,
desfiles, exibições
de artistas. A chamada ‘Praça
do Papa’, no alto da avenida
Afonso Pena, de onde se descortina
bela vista da região
central da cidade e adjacências.
Muitos restaurantes, espalhados
pela cidade, que, como os
barzinhos e boates, saem da
moda, são fechados
e dão lugar a outros.
Indústrias, algumas
pesadas, muito comércio,
antes restrito ao centro,
hoje, espalhados pelos bairros.
Esqueci algo? Sim, os pedintes,
muitos, os catadores de papel
e de lata, muitos também,
que subsistem desse trabalho.
Sim, também a violência,
que cresce junto com a cidade,
assaltos, roubos, assassinatos,
atropelamentos, reféns,
brigas entre torcidas dos
times de futebol, ônibus
depredados por estas mesmas
torcidas.
Uma capital que, se tivesse
um crescimento ordenado e
planejado, poderia oferecer
hoje aos seus habitantes uma
qualidade de vida muito superior.
Ia me esquecendo da Biblioteca
Pública, na Praça
da Liberdade, onde, durante
algum tempo, funcionou o Escritório
de Direitos Autorais da Biblioteca
Nacional, hoje desativado.
Uma rede hoteleira restrita,
pois o turismo é incipiente,
com exceção
dos eventos, como convenções,
exposições,
que se realizam na cidade,
e que se pretende expandir.
Abilio
Terra Junior
22/01/2009