Na
Pampulha
Passamos pela nova "trincheira",
uma obra realizada para se
evitar congestionamentos de
trânsito, agora, quando
se aproximam as eleições
municipais. Muitos carros,
indício da ânsia
do belorizontino pela água,
a lagoa, numa cidade montanhosa,
afastada do litoral. Um bocado
de gente observa o aeroporto,
próximo da represa,
com os carros encostados ao
lado da pista. O aeroporto
da Pampulha, objeto de polêmica,
antigo, acanhado, saturado,
mas próximo. O outro,
o de Confins, moderno, bem
estruturado, confortável,
belo, imenso, mas distante,
pelos padrões dos nossos
concidadãos.
É domingo e eu passo
pelas obras de Niemeyer, da
época de Juscelino
(JK) prefeito e me aproximo,
com a minha família,
da mais famosa delas (na Pampulha),
a Igreja de São Francisco
de Assis, em plena obra de
recuperação.
Dá para se ver apenas
o mural da parte posterior,
que apresenta, na visão
de Portinari, S. Francisco
rodeado de peixes e outros
animais. Mural que, como as
demais pinturas internas,
provocou muita polêmica
desde a construção
da igreja, na década
de 40 do século passado.
A igreja permaneceu por muito
tempo interditada ao culto
religioso, pois muitos a viam
como sacrílega, pela
ousadia do projeto de Niemeyer
e das pinturas e murais de
Portinari. Finalmente, aprovada
pela Cúria, foi palco
de um crime brutal, alguns
anos depois. Novamente sacramentada,
voltou às suas atividades
normais.
A lagoa está com o
nível das suas águas
bem baixo e pode-se ver a
terra seca e o mato em diversos
pontos, em lugar da água.
Mas, diversos pescadores estão
a postos, em diversos locais
à margem da lagoa,
à espera de um distraído
peixe, apesar dos avisos de
que não se deve pescar,
devido à poluição.
Vêem-se lindas garças,
que mergulham em grupo à
cata de peixes, e pequenos
patos que, volta e meia, mergulham
a sua parte dianteira, levantando
a posterior, também
em busca de alimento.
Caminhamos, eu, as minhas
esposa Luiza e filha Marcella,
com a nossa cachorrinha Polly,
pelo passeio, após
estacionar o meu carro. Vê-se
o mato seco e a ausência
de flores, reflexo do calor
e da baixa umidade do ar (estamos
em setembro). Passa um sujeito
de bicicleta, abanando a mão,
brincando, dizendo que está
indo para Diamantina, acompanhado
de familiares, também
ciclistas. Diversas pessoas
caminham e os marcos para
orientação dos
caminhantes indicam mais de
15 mil metros; quem se habilitar
a dar a volta em torno da
lagoa terá que caminhar
muito. A Luiza e a Marcella
comem picolés, milho
cozido e pipoca doce. Eu subo
a escada do parque de diversões,
em frente à praça,
procurando creme de milho,
me embrenho no meio de muita
gente, adultos e crianças
que fazem filas para se divertirem
nos brinquedos, mas desisto:
a fila é grande e o
creme de milho escasso.
O guarda avisa, com um sorriso,
que a Polly não pode
ingressar no parque de diversões,
mas permite que a Luiza e
a Marcella se sentem com a
Polly em um banco, enquanto
me esperam.
Na praça em frente,
entramos, sem querer, em um
circuito de carrinhos de brinquedo,
dirigidos por crianças.
Ao nos apercebermos, nos retiramos
da área, deixando as
crianças a vontade,
enquanto observamos dois burrinhos
pintados com listas, imitando
zebras, que transportam as
crianças, pacientemente.
Topamos com diversos cães,
acompanhados dos seus donos,
em seus passeios dominicais.
Casais de namorados espalham-se
pelos bancos, pelo gramado
seco, trocando carícias,
beijando-se. Alguns turistas
observam um mapa com atenção.
Há uma escultura de
metal no centro da praça.
Próximo à igreja,
um tapume ilustrado com o
traço vigoroso e denso
de Niemeyer, exibindo suas
obras locais, e uma frase
da sua autoria, da qual uma
palavra não conseguimos
entender, devido à
sua grafia.
Conseguimos encontrar um banco
vazio e nos sentamos, mas
notamos que sopra um vento
frio, vindo da lagoa. Resolvemos
nos retirar, nos instalamos
no carro, pago ao "flanelinha"
aquela "taxa" da
qual ninguém escapa.
Na volta, também muitos
carros. Passamos ao lado dos
estádios do Mineirinho
e do Mineirão, respectivamente,
de menor e de maior porte,
e pela Feira de Artesanato,
instalada próxima ao
primeiro.
Lembro-me dos jacarés
da lagoa, provavelmente ali
colocados por irresponsáveis
que compram esses animais
e depois, desistem de criá-los,
abandonando-os na lagoa. Lembro-me
que um deles, já era
de bom tamanho e, de vez em
quando, era flagrado tomado
o seu banho de sol, tranqüilamente,
à beira da lagoa. Um
belo dia apareceu morto. Não
se sabe o que foi feito dos
sobreviventes.
A Pampulha, hoje em dia, compreende
diversos bairros, como os
de São Luís,
Ouro Preto, Santa Amélia,
apenas para citar alguns.
Há pouco tempo, foi
aprovada na Câmara de
Vereadores, uma Lei que modifica
os padrões de construção
de prédios, em benefício
das construtoras. Havia, na
ocasião, um grande
número de moradores
da Pampulha na Câmara,
protestando aos altos brados,
com faixas, abaixo-assinados
e tudo mais a que tinham direito,
contra a aprovação
da abominável Lei.
Mas, tudo em vão...
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