Nossos
Dias
Reinaldo se levantou com aquela
animação típica
das segundas- feiras. Bocejou
e vagarosamente se dirigiu
ao banheiro, onde tomou o
seu banho. Tomou, em seguida,
o seu lanche matinal, se vestiu,
deu uma volta na vizinhança
com o seu cachorro, um pastor
alemão, amigo de muitos
anos.
Estava nesse passeio habitual,
distraído, observando
as árvores da praça
próxima ao seu prédio
e os cantos dos passarinhos,
quando ela surgiu, saindo
de um prédio vizinho,
também passeando com
o seu cachorro, um poodle
de pêlo escuro, tosado
com capricho. Reinaldo já
a havia visto em outras ocasiões,
de longe, e ela, sem dúvida,
chamara a sua atenção:
porte de bailarina, empinadinha,
cabelos castanhos, corpo atraente,
um belo rosto, com um olhar
direto e cativante.
Olá! Ele disse.
Olá! Ela respondeu.
Fêmea? Perguntou,
apontando para o poodle.
Sim, fêmea. Carlota
é o nome dela. E o
seu?
Macho. Rex é o seu
nome. Ele respondeu. Quantos
anos tem a Carlota?
Três anos. E o Rex?
Cinco anos.
Já cruzou, a Carlota?
Não, até hoje,
não.
É virgem, então?
Sorriu Reinaldo.
Sim. Respondeu, também
sorrindo, a vizinha.
Mas, esqueci de perguntar
o seu nome!
Marlene, e o seu?
Reinaldo. Trabalha onde?
Em uma empresa de informática,
e você?
Em uma empresa de consultoria.
A gente se mora tão
perto, e nunca se encontrou...
Moro aqui só há
três meses.
Ah, deve ser isso...
Reinaldo, foi bom te conhecer,
mas tenho horário para
entrar no trabalho, sabe como
é...
Se sei! Preciso entrar também
daqui a pouco! Você
quer me dar o número
do seu telefone? Quem sabe
a gente pode se encontrar
para bater uns papos...
Posso sim! Você quer
anotar?
Reinaldo anotou o número
do telefone de Marlene, se
despediram, sorridentes, e
já meio apressado,
deixou o Rex no seu apartamento
e enfrentou o trânsito
até o seu local de
trabalho. No trajeto, se lembrava
da figura graciosa de Marlene
e já imaginava o seu
primeiro encontro com ela.
Este se deu poucos dias depois.
Telefonou para ela e combinaram
se encontrar em um barzinho
com música ao vivo,
que Reinaldo descobrira há
poucos dias. O local era muito
agradável, havia também
muitos livros expostos à
venda e o conjunto musical
tocava um repertório
selecionado de MPB, desde
músicas mais antigas
até mais recentes,
passando pela bossa- nova.
No decorrer do bate papo,
Reinaldo foi percebendo que
Marlene, como ele, também
gostava de ler e de ouvir
músicas como aquelas
que estavam sendo tocadas.
Não faltou assunto,
e quando deu por si, o seu
relógio marcava três
horas, da madrugada! Levou
Marlene em casa, na despedida
aproveitou para lhe dar um
beijo entusiasmado e marcaram
novo encontro.
Depois de algum tempo, já
estavam íntimos, e
tinham relações
sexuais bem criativas. Às
vezes, iam para o apartamento
de Reinaldo e, às vezes,
para motéis ou hotéis,
dependia do momento. Reinaldo
gostava de variadas posições
e Marlene as aceitava com
muito prazer. Ambos eram solteiros,
na faixa de idade de trinta
anos. Reinaldo tivera diversas
namoradas, e Marlene, alguns
namorados, mas nem um, nem
outro, nunca havia decidido
assumir um compromisso mais
sério.
Os meses passaram rápidos
e o namoro de Reinaldo e Marlene
ficava cada vez mais firme.
Até que um dia, Reinaldo
chamou Marlene para morar
com ele. Marlene vacilou,
a sua família era muito
tradicional, mas o seu coração
falou mais forte, e, apesar
da resistência do seu
pai e da sua mãe, mudou-se
para o apartamento de Reinaldo.
Era um apartamento de três
quartos, com um bom espaço
e cômodos bem distribuídos.
Coube tudo o que Marlene trouxe,
com folga.
E assim, começou uma
nova etapa na vida de ambos,
com muito romantismo, sexo,
brincadeiras e conversas animadas.
Saíam bastante, encontravam
se com amigos, mas sabiam
também compartilhar
momentos entre eles, no aconchego
do seu novo lar.
Marlene tinha uma amiga de
muitos anos, Viviane, que,
volta e meia a visitava. Viviane
era uma morena vistosa, dessas
que passam na rua e chamam
a atenção de
meio mundo. Olhos verdes,
cabelos muito negros e ondulados,
e muito sensual. Nas sextas-feiras
e sábados, ela e o
seu namorado, Orlando, costumavam
visitar o jovem casal. Conversavam
bastante sobre os mais variados
assuntos, desde futebol até
os caminhos políticos
do país, sem esquecer
as fofocas de sempre sobre
os amigos comuns. Costumavam
também sair juntos,
iam às boates, restaurantes,
barzinhos e, às vezes,
varavam as madrugadas adentro.
Orlando gostava muito de contar
piadas, quando todos davam
gostosas gargalhadas. Viviane,
assim como quem não
quer nada, dava uns olhares
provocantes para Reinaldo,
convicta da sua beleza exuberante.
Reinaldo bem que percebia,
mas se fingia de desentendido.
Não estava nem um pouco
disposto a perder Marlene,
de quem gostava demais. Seria
difícil encontrar outra
mulher como ela, com quem
se entrosara tão bem.
Viviane era, sem sombra de
dúvida, um "pedaço
de mau caminho", mas,
ele, com a sua experiência,
não se deixaria levar...
Pelo menos, assim pensava...
embora soubesse que a carne
é fraca...
Certa noite, sairam, como
de costume, para uma boate,
onde dançaram muito,
conversaram, riram demais
e beberam "tudo o que
tinham direito". Na saída,
esperaram o manobrista trazer
o carro de Reinaldo, enquanto
se amparavam um ao outro,
no passeio, em frente à
boate.
De repente, saídos
do nada, ou melhor, de uma
ruela próxima, bem
escura, dois vultos tomaram
forma. Eram corpulentos, encapuzados,
calças jeans, blusas
com mangas longas. Cada um
portava um revólver.
Chegaram rapidamente, ao mesmo
tempo que o manobrista encostava
o carro, um importado vermelho.
Não conversaram muito,
fizeram sinal para que os
quatro entrassem no carro,
e mandaram que o manobrista
sumisse, ao que ele obedeceu
prontamente. Os nossos amigos,
pegos de surpresa, e, no estado
em que estavam, também
não discutiram. Entraram
no carro com dificuldade,
empurrados pelos dois encapuzados,
e se apertaram do jeito que
puderam no banco de trás.
Os dois marginais se sentaram
nos bancos da frente, um deles
assumiu o volante e arrancou
em disparada pela avenida.
O outro se voltou para os
quatro, a essa altura, já
quase recuperados da bebedeira,
devido ao susto enorme, e
colocando o dedo indicador
no lábio, sinalizando
silêncio, apontou a
arma para eles, sempre em
silêncio. O motorista
dirigiu com velocidade pelas
ruas, agora quase desertas,
da cidade grande. Depois de
um bom tempo, estavam em um
local que parecia ser uma
favela, ruas sem calçamento,
casas humildes, escuridão,
silêncio. Encostou o
carro próximo a um
matagal. Os encapuzados saíram
e mandaram que eles fizessem
o mesmo, sempre com as armas
voltadas para eles. Já
fora do carro, um deles encostou
Reinaldo e Orlando em uma
árvore, enquanto o
outro empurrava, com truculência,
Marlene e Viviane em outra
direção.
Caminharam alguns metros e,
então, ele mandou que
elas parassem. Olhou para
as duas, como se as estivesse
avaliando,e, então,
apontou para Marlene, mandando
que ela se aproximasse dele.
Marlene deu alguns passos,
indecisa, e ele a puxou bruscamente
para si. Colocou o revólver
na cintura, enfiou a mão
no vestido, entre os seios
e puxou para baixo, violentamente.
Marlene deu um grito e ele
a esbofeteou. Os seus seios
agora estavam expostos, ela
balançou, foi segura
pelo bandido, e começou
a chorar. Ele mandou que ela
se calasse e puxou o restante
do vestido e, depois, a calcinha.
Marlene agora estava nua.
Tapou sua vagina com as mãos,
mas o bandido as segurou e
a sentou em uma pedra próxima.
Em seguida, baixou as próprias
calças.
Nesse momento, Reinaldo, se
recobrando da sua embriaguez,
com um grito de ódio,
se lançou sobre o bandido
frente a ele. Pego de surpresa,
pois estava distraído
observando, de lado, o que
o seu colega fazia, este caiu
ao chão, deixando que
o revólver escapasse
da sua mão. Reinaldo
se lançou como um louco
contra o outro encapuzado,
dando-lhe um potente soco
no rosto que o derrubou. O
outro bandido, a essa altura,
se levantara e pegando a sua
arma a apontou para as costas
de Reinaldo, disparando cinco
tiros seguidos. Reinaldo,
com a força do impacto,
foi lançado sobre Marlene,
que deu um grito tão
alto, que podia ser ouvido
à longa distância.
Ali, em seus braços,
Marlene viu, atônita,
os olhos suplicantes de Reinaldo,
que se apagaram, logo em seguida,
no último sopro da
agonia. Pela última
vez, Reinaldo viu o rosto
da sua amada, esgazeado em
puro desespero.
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