O
Parque da Cidade – O Padre
e a Moça – Os Irmãos
Grimm
Saiu
a procura de algo, seguiu
pelo parque em busca de sinais,
eles responderam ao seu inconsciente.
Respostas que, a nível
consciente, não sabia.
Buscava ar e espaço,
e os encontrou, sob o sol
do planalto.
Muitas lembranças lhe
vieram à mente, que
ressoavam no seu coração.
A eterna busca. Um casal passou,
caminhando, e o rapaz se dizia
insatisfeito, ia começar
do zero. Pensou consigo: engraçado,
independe da idade a insatisfação
humana.
A Praça das Fontes,
outras atrações
que outrora atraíam
muita gente, destruídas,
abandonadas. Que pena! O Parque
da Cidade não era o
mesmo. Conseguiram reduzi-lo
a isto! Não entendia.
Seria recuperado algum dia?
Uma pergunta sem resposta.
Mudando
de assunto, assistira ‘O Padre
e a Moça’, de Joaquim
Pedro de Andrade, com Helena
Ignez, Paulo José e
Mário Lago. Agora,
passados tantos anos, relera
o filme: transmitia uma atmosfera
opressiva, com mestria. Uma
pequena vila, um amor impossível,
o cerco, a falta de opções,
a intolerância... A
cena final é bem representativa,
o casal encurralado em uma
gruta, asfixiado pela fumaça
que penetra, vinda dos arbustos
que queimam na entrada da
gruta, os vultos dos moradores
da vila que observam, de longe,
julgando-se ‘os justiceiros’.
Gostara do filme na época
e continuava gostando, atualmente.
Helena Ignez se dedica, nos
dias que correm, a preservar
a memória de Rogério
Sganzerla, de quem é
viúva, juntamente com
uma das suas filhas.
Lera
‘Contos de Grimm’, volume
2, editora L&PM Pocket.
Os irmãos Grimm foram
importantes filólogos,
que desenvolveram diversos
estudos nessa área.
Em todos os seus estudos foram
pioneiros. Por dez anos dedicaram-se
à Gramática
Germânica, depois enfronharam-se
na mitologia de sua gente.
Foi esta tarefa que concedeu
ao mundo os contos de fadas,
coletados como parte da evidência
necessária desse trabalho
mais amplo. Neste trabalho,
recolheram, junto com uma
equipe que os auxiliou, ouvindo
de inúmeros representantes
do povo, repetidas vezes,
estes contos, em sua autenticidade.
Levaram treze anos para completar
a Teoria da Mitologia Germânica.
Os contos de fadas, traduzidos
para diversos idiomas, já
na época, nos causam
surpresa, pois ao lê-los,
chegamos à conclusão
de que não havia nenhum
‘conteúdo moral’ subjacente,
ao contrário do que
hoje se pensa.
Era, na verdade, o inconsciente
coletivo pulsando, com toda
a sua pujança, e nos
tocando, como ao nos dizer:
a vida não tem dogmas
nem regulamentos, ela está
acima de todos os códigos,
criados pela racionalidade
humana. Tal e qual a poesia,
ela paira em um extrato dimensional
superior.
No entanto, os irmãos
Grimm eram extremamente metódicos
em suas pesquisas e trabalhos,
e produziram obras portentosas,
frutos de longos anos de pesquisa
exemplar e meticulosa.
Abílio
Terra Junior
19/04/2009